segunda-feira, 22 de junho de 2009

Petrobras tira gerente que gastou R$ 151 milhões

Deu na Folha de S. Paulo (Leonardo Souza)

Demitido por justa causa por suspeitas de desvio de recursos, o ex-gerente da Petrobras Geovane de Morais estourou o orçamento de sua área em 2008, ano de eleições municipais, em quatro vezes. Ele gastou, sem licitação nem autorização formal, R$ 120 milhões a mais do que o previsto.

Conforme a Folha revelou, entre as empresas beneficiadas por Morais estão duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do governador Jaques Wagner (PT-BA) e de duas prefeitas do PT.

As produtoras receberam R$ 4 milhões em 2008, sendo R$ 1,5 milhão para filmar festas de São João e Carnaval na Bahia.

Ligado à ala do PT baiano oriunda do sindicato dos petroleiros e químicos do Estado, Morais tinha um orçamento na comunicação do Abastecimento de R$ 31 milhões para o ano passado. Contudo, fez pagamentos de R$ 151 milhões.

A estatal reconheceu que uma das razões para a demissão, formalizada em abril, foram os gastos muito acima do orçamento. Além disso, a empresa informou que ele desrespeitou outras normas internas, como pagamentos sequenciais a uma mesma empresa, ao invés de celebrar um contrato.

Em outras palavras, no lugar de negociar um pacote com um mesmo fornecedor, o que permite reduzir custos, Morais fazia vários desembolsos picados, elevando os ganhos dos prestadores de serviços. Essa prática é muito usada para driblar licitações e favorecer empresas previamente escolhidas.

As duas produtoras ligadas ao PT, a Movimento Produções e a M&V Produções, estão nessa situação. A Folha obteve os contratos da Gerência de Comunicação do Abastecimento de 2008. Foram mais de 90 pagamentos às duas produtoras, com diferença de dias na maioria dos casos e referentes a serviços diretamente interligados. Há desembolsos distintos, por exemplo, para filmagem e sonorização do mesmo evento.

Os dados demonstram que os valores destinados às duas explodiram depois que Morais assumiu o cargo, no final de 2004. Naquele ano, somente a Movimento foi contratada, por R$ 163 mil. No ano seguinte, as duas embolsaram R$ 291 mil. Em 2006, ano em que Jaques Wagner se elegeu, foi R$ 1,074 milhão, passando para R$ 1,87 milhão em 2007. Em 2008, chegou aos R$ 4 milhões.

Vagner Angelim, dono das produtoras, nega favorecimento. Ele trabalhou na vitoriosa campanha de Wagner ao governo da Bahia, em 2006.

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