Tarcísio Matos
Tô tomando cafezinho na Praça do Ferreira e quem vejo ao longe? De Arrudeio – amigo Flávio Arruda, rebento de seu Camundo, mano do nosso Inácio senador. Pergunto pela derradeira e já dispara o causo de um figueiro do Dias Macedo engalfinhado à modernidade.
A história, Flávio narra nesses termos, carregada de puro Nordeste.
“Essa é do Oscar, caba que vende carnes de bichos variados ainda guardadas em caixotes de madeira; labuta acavalado numa égua pé duro pelas ruas lá de nós. Desempenha o ofício vai interá 50 anos. Tem freguesia certa, faz o corte sem balança, na base do olho e da confiança.
Faz, de quebra, a festa dos vira-latas que andam atrás das “langanhas” que o cavaleiro joga por onde passa, enchendo-lhes de tripa boa a pança magra. Basta o povo ouvir o som característico do Oscar batendo nas caixas pras calçadas se animarem, aqui e acolá.
Um dos fregueses do “açougue sertanejo ambulante” é o meu tio Maninho, caba do Mossoró, mais grosso do que pentêi de barrão. Alguns dias atrás, titio interpelou o caba, pedindo logo corte certeiro dum quilo da legítima carne de porco. Deu-se o seguinte diálogo:
- Tem condição não. O sinhô num tá por dentro dos aconticido não?
- Ômi, bora deixá de cunversê fiado que a mulhé tá ali já com o tempero pra fazer o merol da mêi dia!
- Pois é melhor o freguês levar outro corte. Um carneiro, um chã de dento...
- E por que, diabo!?! Eu num tô pagando essa chibata?
- Olha, seu Manin, pela amizade que nós tem, num tem perigo d´eu vender carne de fuçadô prum freguês dicunfoça igualmente o sinhô. O clima num tá pra pôico!
Quem avisa amigo é!
Previdente, o figueiro insiste comunicabundo com tio Maninho:
- Tá dano na televisão direto, o amigo num tá vendo não?
- O quê, Oscar!?! – perguntou meu velho tio, já puto com as moscas arrudiando, os cachorros cercando, o povo curiando a conversa em redor da égua.
- Pois eu vô dizê: faz um tempo que cumeçô a dá uma murrinha nos bicho e tem murrido é gente numa ruma de canto!
Oscar recupera o “fôrgo” e continua:
- Exclusive ouvi dizê que já tem gente c´a mão na vela e outra no soro, lá no São José. Modos que num vendo carne de pôico, barrão, barroa, bacurin, nem de bicho nenhum que possa transmiti a mulesta dum estalicido desse pra freguês meu. E priu!
Tio Maninho...
- Deixa de sê brabo, Oscar, bicho inguinorante! Isso é lá no México, nos Istaduzunido, macho sem instrução!
Aí o Oscar fulminou, à moda ministro do gunverno:
- Olhe, seu Manin, inginorante é a sua pessoa. E a globalização, tá pôde!?!
Nenhum comentário:
Postar um comentário