Babau do Pandeiro Babau do Pandeiro, cujo nome verdadeiro é Francisco Raimundo de Souza, mora em Fortaleza e começou a fazer shows em 2004. Suas marchinhas de carnaval são contagiantes, com suas letras que falam sobre mulheres ciumentas, cabras, os males do consumo excessivo de cachaça, urubus e tomar Coca-Cola no Municipal.
Entrevista com o Babau do Pandeiro O site
Puta que Pariu - com notícias da casa do caralho - fez uma interessante entrevista com o cantor e compositor cearense, que também exerce as funções de anotador de jogo do bicho em Fortaleza/CE.
Veja a primeira parte da entrevista:
"Tá dando um trabalho do caralho transcrever essa entrevista. A fala de Babau é difícil e as palavras no papel raramente conseguem ter o peso que ele atribi a elas. A entrevista virá em 4 ou 5 partes e, nesta primeira, conheceremos melhor a infância e a vida prémusical do grande gênio. Com vocês: Babau!
O puta - Vamos começar pelo começo: qual o seu nome
Babau – Meu nome é Francisco Maximiano de Souza.
O puta – O senhor nasceu onde?
Babau – Nasci na cidade de Sobral.
O puta – Interior do Ceará...
Babau – É. Interior do Ceará.
O puta – Quando?
Babau – Nasci em 1945.
O puta – Qual a lembrança mais antiga que o Sr. tem?
Babau – Lembrança?
O puta – É.
Babau – Do tempo de jovem?
O puta – É.
Babau – Rapá, a lembrança que eu tenho do tempo de jovem era brincar cordão do... do cordão forte, pra ver quem quebrava o cordão... aquela brincadeira do... minha cordinha ta pôde, né e empurrava o cordão, se se quebrasse o cordão era pôde, né, brincava aquela brincadeira mesmo de menino, né, do tempo de jovem. A gente gostava também de jogar biba (suposto), né, de jogar peteca, aquelas peteca de palha de milho do interior, fazer aquelas peteca de palha de milho e aí jogava na palma da mão pra cima... peteca... peteca de palha de milho.
O puta – Peteca de palha de milho...
Babau – É.
O puta – O Sr. morou em Sobral até quantos anos?
Babau – Eu morei inté o tempo que minha mãe morreu, né. Eu nasci em 45, aí quando foi em 64 eu vim embora pra cá. Vim embora pra cá eu tinha um 13 anos pra 14 anos, vim caminhando pra 14 anos.
O puta – O Sr. veio pra cá sozinho?
Babau – Eu vim mais um conterrâneo meu, ele trabalhava aqui na beira mar aí por aqui ele me deixou e eu fiquei perambulando, té um dia eu me aprumar num canto.
O puta – Então o Sr. ficou com ele? Ou o Sr. veio e ficou sozinho?
Babau – Passei uns dias lá onde ele trabalhava no bar que eu dormia igualmente assim um desprezado, dormi debaixo dum galpão lá do bar, do restaurante e era em riba duns caixãozinho... era... (ri discretamente) o meu apogeu era esse, meu dormitório era esse, dormia em riba duns caixote.
O puta – E o Sr fazia o quê nessa época, trabalhava com o quê?
Babau – Quando eu vim pra cá eu era ingraxante de rua, fio ingraxante, ingraxante como esses broxete que anda assim no meio da rua com essas caixas de engraxar na mão... atrás de engraxar sapato.
O puta – O Sr tem uma música sobre isso, né?
Babau – Não. Gravei não.
O puta – Zeca Pibariba (citando a letra) conheci o Zeca do Pibariba, ele só sabia engraxar sapato, e o pai dele era marceneiro.
Babau – (interrompendo a cantoria) ... não é porque ele era meu amigo, né, era amigo de infância.
O puta – Zeca era seu amigo?
Babau - Ele trabalhava no mesmo trabalho que eu trabalhava de engraxante e era meu amigo e o nome dele era Zeca do Pijariba mesmo. Era filho do Zeca.
O puta – Filho do Zeca do Pijariba, que era marceneiro?
Babau – Era.
O puta – Tem muita música do Sr. que é sobre a sua infância?
Babau – Algumas, né.
O puta – Quais?
Babau – Essa do Zeca do Pijariba e a música dumas duas prima minha chamada de Iná. Cuano eu era jovem e via muito elas dançando em festa, aí eu gravei uma música sobre elas duas, né, duas prima minha, era a Francisca e a Diná, né. A Francisca gostava de dançar e a Diná gostava de se rebolar, né (ri).
O puta – Gostava de se rebolar?
Babau – É. Rebolar. Aí eu gravei a música, homenageando elas duas. (No cearês, rebolar é remexer)
O puta – O Sr chegou a trabalhar com agricultura em Sobral?
Babau – Não, era meu pai. Meu pai quando era vivo ele trabalhava.
O puta – Seu pai faleceu o Sr. tinha quantos anos?
Babau – Ele morreu agora pouco passado dos anos, ele morreu em 91, minha mãe morreu mais cedo, minha mãe morreu em 62.
O puta – O Sr. nasceu em 45 e seu pai só morreu em 91, mas o seu pai o Sr. não tinha contato com ele...
Babau – Tinha, sempre eu ia lá visitar ele, de ano em ano.
O puta – Em Sobral?
Babau – É. Depois que ele morreu num fui mais, não. Eu fui no ano passado lá visitar o resto da família, mas num gosto de ir mais lá não, só se for a negócios.
O puta – Tá. E o Sr. veio pra cá pra Fortaleza, trabalhou como engraxate até quando?
Babau – Té em sessenta e oito. 68, eu cheguei aqui em 64. Aí depois arrumei uma mulherzinha comigo até hoje véve no meu poder (suposto), né, é mais velha do que eu. Até agora não desprezei, porque se eu desprezar então é ingratidão, né, é covardia que quando eu peguei ela, ela não era daquele jeito que ela tá agora. Ela não era velha era mulher madurona inda, né, me ajudou muito, né, trabalha pra me ajudar e hoje eu é que tô trabalhano pra ajudar ela.
O puta – Mas então quando o Sr. trabalhava de engraxate o Sr. morava com esse seu conterrâneo...
Babau – Não, morava não.
O puta – O Sr. morava onde?
Babau – Morava aqui na beira da praia, no posto da draga aqui na praia.
O puta – O Sr. morou quantos anos na beira da praia?
Babau – Morei mais de 15 anos ali na beira da praia...
O puta – E depois o Sr. foi pra onde?
Babau – Depois que eu saí do poder deste camarada que me trouxe de Sobral eu fui pra beira da praia e lá me encontrei com um cego, aí eu fui ser guiador de cego, seu menino... passei mais de 20 anos guiando cego.
O puta – Então, na prática, o cego lhe sustentava e o Sr. cuidava do cego...
Babau – É.
O puta – Qual era o nome desse cego?
Babau – Tinha vários: Zé Vidal, Nadelino, Raimundo Luzia, né, mas o primeiro foi o Zé Vidal mesmo.
O puta – O Sr. ficou com o Zé Vidal quanto tempo?
Babau – Bucado de anos, que eu morava na casa dele, né, não tinha onde morar e eu vivia lá como se fosse gente da família.
Este é o fim da primeira parte. O restante da entrevista ainda não foi publicado, mas é interessante acompanhar tudo lá na página Puta que Pariu, pois eles prometeram fazer isso em várias etapas.
Cancioneiro do Babau:
01. A Baba do Cururu
02. A Cidade do Rio de Janeiro
03. A Menina da Banana
04. A Minha Bicicleta
05. A Mulher da Cara Feia/ Tem Mulher Com a Mão no Pescoço
06. Baracho
07. Bebe Água, Galinha
08. Bebe Água, Galinha (Ao Vivo)
09. Bota a Caba Pra Berrar
10. Busta
11. Cachorro Vira-lata
12. Cadê Didi
13. Cadê Guari
14. Cassaco Com a Coca-Cola no Saco
15. Chopada do Magrão
16. Cidade de Paracuru
17. Ciumenta da Cara de Jumenta
18. Colivete da Cidade de Sobral/ Lambreta da Rapadura Preta Misturada Com Mel
19. Dá o Caneco a Eu
20. Dinossauro
21. Ela é Sabidona e Muito Pidona
22. Eu Vou Parar (Cachaça Mata)
23. Garota, Você é Boa Demais
24. Já Não é Mais Aquela
25. Jogo do Bicho
26. Meriquita
27. Mingau de Cara
28. O Calango Mais o Bode
29. Periquita Foi Embora Para o Sul
30. Pitácia
31. Pout-Porri: Pescoço de Bodó/Calça de Mortalha
32. Ronqueira
33. Roupa de Pau
34. Rutinha
35. Serra Azul
36. Somos Seis (Cavaleiros da Taba Redonda)
37. Urubu Ta Com Fome
38. Vai Bebo na Semana
39. Zeca do Pijarima
Baixe as música aqui:
link (parte 1)
link (parte 2)